Para
lembrar – terminei o texto “Seminário 4” com a minha expulsão
do Seminário por meio de uma Carta enviada ao Bispo de Campinas e
encaminhada ao Mons.Bruno, que me chamou
e ...
Expulso
do Ipiranga – E agora, o que vou falar lá em casa? - A mulher de
areia
O
que explicar para minha família se nem eu sabia bem o porque da
minha expulsão. Papai se conformou rapidamente mas minha mãe ficou
com um grilo na cabeça. Eu tentava explicar que havia participado de
um movimento para mudar alguns regulamentos e ela não entendia. Um
dia ela achou que tinha descoberto a razão. Quando eu levei as
minhas coisas para Amparo, ao desfazer as malas, topei com umas fotos
de um passeio na praia. Fomos de carro ... de quem? Não faço idéia.
Quem estava? Sei que no nosso grupo havia 2 caras com alguma
habilidade para desenhar: o Bita (padre, Teixeira, de São Paulo) e o
Braz (que mais tarde se tornou Gerente de Treinamento na TAM). Pois
bem, eles resolveram esculpir uma mulher nua, na areia da praia,
ao lado do carro. Deitada, de costas. E alguém tirou uma foto. E
minha mãe viu a foto e achou que teria sido a causa da minha
expulsão!!!
Não
achei a foto mostrando a mulher esculpida na areia, acho que joguei
fora para evitar más interpretações se alguém visse a foto, como
ocorreu com minha mãe.
Porto
Ferreira
Sei
que eu já havia estado em Porto Ferreira, com um grupo de colegas.
Lembro que passamos um dia na casa dos pais do Pe. Vanim ... e
jogamos baralho o tempo todo, só interrompendo para o almoço ...
Pe.
Pavesi – grande amigo
Não
sei o que o Mons. Bruno combinou com ele sobre meu “estágio
probatório”, e nem qual seria o papel dele com relação a mim. E
nunca falamos disso. Fui muito bem recebido. Tornei-me um auxiliar
paroquial “de luxo”. Coordenava missas, dava aulas de religião
nos colégios (tentava, pelo menos), fazia a “Hora da Ave Maria -
uma pequena homilia às 6 horas da tarde, pela Rádio Primavera ‘and
so on’. Pensando bem, fui mais um bom companheiro para ele do que
um ardoroso seminarista em missão pastoral.
31
de março ou 1º de abril - revolução ou golpe
Fomos
pegos em Itanhaem: terminada a Semana Santa, fui até Campinas.
No Seminário cruzei com um grupo que ia para Itanhaém na Kombi do
Seminário e fui junto. Eram aqueles dias complicados em que os
sargentos se rebelaram contra seus superiores em discursos
entusiasmados, em que João Goulart periclitava, Brizola se
encastelava em Porto Alegre, enfim, a noite do golpe militar. De
rádio em punho, acompanhava o movimento. Começaram os avisos “os
postos de gasolina vão fechar”. Aí, demos no pé. Subimos a serra
bem depressa. Na Rodovia Anhanguera cruzamos com caminhões do
exército deslocando tropas e equipamentos de batalha. Muitos deles,
canhões e carros de combate quebrados pelo caminho. ‘Credo in
cruiz!’
Pe.
Pavesi comunista? Lá vamos nós ...
...para
a Delegacia local. Como o foram muitos padres nos tempos da dita cuja
revolução. Fui junto, é claro, apoio moral. Se preciso fosse, para
levar cigarros para ele (nós fumávamos desbragadamente!!!). Mas o
Delegado até que estava meio sem jeito, sem saber exatamente o que
perguntar. E nada aconteceu.
“Pe.
Pavesi É comunista”
Sessão
especial da Câmara Municipal (irradiada pela Rádio Primavera) para
pedir ao bispo que substituísse o Pe. Pavesi. E nós, na Casa
Paroquial, ouvindo as barbaridades: “Eu sou católico porque eu
vou na procissão ... eu fui na procissão de Sexta-Feira Santa e
ouvi o Pe. Pavesi falar no microfone ‘Vamos rezar um Padre Nosso
pelos Operários’. Taí!!! É comunista!!!” Os depoimentos
foram nesse nível. Conclusão: não sei se por causa disso ou por
ocasião disso, D. Paulo de Tarso Campos “promoveu” o Pe. Pavesi
para Cônego.
“O
Padre fugiu”
Estávamos
lá saboreando um frangos numa festa, à noite, na fazenda da família
Ferrari, quando chegou o “Nego” (sacristão) todo esbaforido ...
e tirando ‘sarro’ (como sempre) ... “ah! ainda bem que estão
aqui pois corre um boato na cidade que o padre fugiu para não ser
preso ...” (Por falar em frango, aquele “frangasco” me deu uma
diarréia brava, estava que era só gordura)
E
o Ademar de Barros na TV Tupi, Canal 4 – belo espetáculo
Naqueles
dias, o governador Ademar de Barros estava na mira dos militares.
Para se defender, foi até a TV Tupi e montou um cenário: ao fundo
da cena, a bandeira brasileira; na frente da bandeira, num pedestal,
Nossa Senhora Aparecida. Ele, sentado atrás de uma mesa, com o terço
na mão e se defendendo. Lembro que dizia: “Dizem por aí que sou
rico, que nada! Tenho apenas uma fazendinha herdada de minha mãe em
Poços de Caldas”.
O
ano de mudanças na Igreja Católica e nossa desobediência
- Os Padres foram desobrigados de usar a batina em público (Mons. Lisboa, de Amparo, deve ter ficado uma fera) e obrigados a usar o “clergyman” ou “colarinho romano”, com se fala hoje. MAS, após algum tempo, a desobediência foi geral. Alguém se lembra dos superiores do seminário usando o “clergyman”? Vi algumas vezes o Mons. Bruno usar quando ia às reuniões das Empresas Nardini.
- Internet é isso: fui procurar uma imagem dessa vestimenta, na internet, e acabei topando com um site que expõe 25 razões para um padre usar o clergyman. Eu tive um colete desses que usei apenas algumas vezes. Hoje são vendidas camisas que simulam essa vestimenta. Naquele tempo, era uma espécie de colete de frente única, cobrindo o peito, e terminando com uma gola sem abas e com um colarinho branco de plástico dentro. Parecido com esse aí
- E a grande mudança na Liturgia, que passou a ser em nosso vernáculo (“última flor do Lácio, inculta e bela”). MAS ... foi o ponto de partida de uma certa “liberalidade litúrgica” inicial que hoje está mais contida. Verifico hoje que a estrutura das missas é igual à que foi implantada em 64 e alguns recursos, como os FOLHETOS, pouco mudaram. O que mudou muito foi a parte musical, os cânticos, o acompanhamento com instrumentos, etc. e tal. E os gestos que algumas paróquias usam, elevar as mãos, bater palmas, por exemplo.
“Promombó”
ou “Bate-bunda” – pepino com cachaça
É
um tipo de pescaria, sabia? Fomos algumas vezes pescar em ranchos à
beira do Rio Mogi. É prática comum nessas ocasiões (assim como em
churrascos) oferecer um tira-gosto para esperar a pesca de peixes
grandes ou para manter ocupados os que não vão pescar. Além e
oferecer pepino com sal e cachaça (gostoso, como moderação, é
claro!), os pescadores foram buscar lambaris e mandis para fritar.
Como pescar lambaris em quantidade suficiente? Na vara? Na rede? Não.
No promombó. Explicando: os barcos saem perto das margens dos rios
com os motores ligados em primeira marcha ou fazendo barulho (=
bate-bunda no assento do barco) para assustar os peixes pequenos. Os
peixes saltam da água e muitos deles caem dentro dos barcos em
grande número. E dá certo.
O
Juiz de Direito ‘cachaceiro’ e o Filé à Parmegiana
Às
vezes o Pe. Pavesi resolvia almoçar num restaurante que havia no
largo principal da cidade. Foi lá que eu comi pela primeira vez um
Filé à Parmegiana, que sempre repetíamos. O mais curioso, porém,
é que o Juiz de Direito também almoçava lá. Logo que ele chegava,
o garçom ia até a geladeira e pegava uma garrafa de cachaça
previamente gelada e levava para a mesa dele. Todos os dias.
Sem rótulo. E servia em taças. Imagine os julgamentos
vespertinos!
O
Congresso da JAC e um seminarista em apuros
“Linda
morena, morena que me faz penar,
a
lua cheia, que tanto brilha,
não
brilha tanto quanto seu olhar.”
Pois
é, lá vou eu para um congresso da JAC – Juventude Agrária
Católica. No Seminário Menor de Ribeirão Preto, em Brodoski. E eis
que havia um linda morena, alta, um pecado. E não é que num dos
intervalos ela, sabendo que eu era seminarista, veio pedir conselhos
justamente a mim, sobre seus relacionamentos afetivos. Cruzes!!!
Olha, fiz tanta força para evitar que meu pênis denunciasse minha
excitação que não pude conter a saída de um jato de urina ... E
também devo ter utilizado a velha técnica de ajoelhar e depois
sentar nos degraus da escada onde conversávamos.
Aliás,
conheço um cara que se masturbou pela primeira vez aos 33 anos de
idade
Eu.